Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica Associada à Covid-19
Resumo
RESUMO RÁPIDO: Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P/MIS-C)
Definição: Condição rara e grave, pós-infecciosa (2-6 semanas) ao SARS-CoV-2, caracterizada por resposta inflamatória exacerbada e multissistêmica.
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1. Apresentação Clínica Essencial
Febre elevada (≥38°C) e persistente (≥3 dias): Achado universal.
Acometimento Multissistêmico (≥2 sistemas):
Gastrointestinal: Dor abdominal intensa, vômitos, diarreia (muito frequentes).
Cardiovascular: Disfunção miocárdica, hipotensão/choque, arritmias, anormalidades coronarianas (dilatações/aneurismas).
Mucocutâneas: Exantema polimorfo, conjuntivite não purulenta, eritema/edema de mãos/pés, inflamação de mucosas.
Neurológicas: Cefaleia, letargia, irritabilidade.
Hematológicas: Coagulopatia, risco trombótico.
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2. Critérios Diagnósticos (OMS/MS - Essenciais)
Paciente de 0-19 anos com:
1. Febre ≥ 38°C por ≥ 3 dias.
2. Marcadores inflamatórios elevados: PCR, VHS, procalcitonina, ferritina.
3. Acometimento de ≥ 2 sistemas: Pele/mucosas, cardiovascular, hematológico/coagulação, gastrointestinal.
4. Exclusão de outras causas: Sepse bacteriana, choque tóxico, etc.
5. Evidência de infecção por SARS-CoV-2: RT-PCR, antígeno, sorologia (IgG/IgM) positivos ou histórico de contato.
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3. Exames Complementares Críticos
Laboratoriais:
Hemograma: Neutrofilia, linfopenia, plaquetopenia.
Inflamatórios: PCR, VHS, procalcitonina, ferritina (muito elevados).
Cardíacos: Troponina I/T, NT-proBNP (elevados).
Coagulograma: D-dímero, TP, TTPa, fibrinogênio.
Função hepática/renal, eletrólitos.
RT-PCR e/ou sorologia para SARS-CoV-2.
Imagem:
Ecocardiograma: Essencial para função ventricular, derrame pericárdico, anormalidades coronarianas. Realizar na admissão e repetir conforme evolução.
Radiografia de tórax, USG abdominal (se dor).
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4. Diagnóstico Diferencial Urgente
Doença de Kawasaki (DK): SIM-P em crianças mais velhas, inflamação mais intensa, maior miocardite e sintomas GI.
Síndrome do Choque Tóxico.
Sepse bacteriana ou viral.
Síndrome de Ativação Macrofágica (SAM).
Abdome agudo (apendicite).
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5. Manejo e Tratamento
Local: Hospitalar, casos graves em UTI Pediátrica.
Abordagem: Multidisciplinar.
5.1. Medidas de Suporte Inicial
Monitoramento contínuo: Sinais vitais, débito urinário, oximetria.
Suporte hemodinâmico:
Reposição volêmica cautelosa: 10-20 mL/kg SF 0,9% em 30-60 min, reavaliar (cuidado na disfunção miocárdica).
Drogas vasoativas: Noradrenalina, milrinona (se choque).
Suporte respiratório: Oxigenoterapia, ventilação mecânica (se necessário).
Antibioticoterapia empírica: Iniciar Ceftriaxona (80-100 mg/kg/dia IV) até exclusão de sepse bacteriana.
5.2. Terapia Imunomoduladora (Primeira Linha)
Imunoglobulina Intravenosa (IGIV):
Dose: 2 g/kg (dose única, máx. 100-120g).
Administração: Infundir IV lentamente em 12-16 horas.
Corticosteroides:
Indicação: Casos graves, choque, disfunção miocárdica significativa, falha à IGIV.
Metilprednisolona:
Dose moderada/grave: 1-2 mg/kg/dia IV, dividida 12/12h.
Pulsoterapia (choque refratário/disfunção grave): 10-30 mg/kg/dia IV, 1x/dia, por 1-3 dias (máx. 1g/dia).
Transição para prednisolona oral com desmame gradual após melhora.
5.3. Terapia Antitrombótica
Ácido Acetilsalicílico (AAS):
Dose anti-inflamatória (se critérios de DK): 30-50 mg/kg/dia VO, dividida 6/6h, até 48h afebril.
Dose antiagregante (para TODOS os pacientes com SIM-P): 3-5 mg/kg/dia VO (máx. 100 mg/dia), 1x/dia.
Duração: Manter até normalização do ecocardiograma e marcadores inflamatórios (geralmente 6-8 semanas).
Anticoagulação (ex: Enoxaparina): Considerar em alto risco trombótico (disfunção ventricular grave, aneurismas coronarianos gigantes, história de trombose).
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6. Monitoramento Essencial
Clínico: Sinais vitais (1-4h), balanço hídrico, perfusão periférica.
Laboratorial: Diário ou a cada 48h (Hemograma, PCR, D-dímero, Troponina, NT-proBNP, função renal/hepática).
Ecocardiograma: Admissão, 24-48h (se instável), 1-2 semanas, e 6-8 semanas pós-alta.
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7. Complicações e Prognóstico
Complicações: Choque cardiogênico refratário, aneurismas coronarianos, arritmias graves, eventos tromboembólicos, SDMO.
Prognóstico: Boa evolução com diagnóstico e tratamento precoces.
Seguimento: Acompanhamento cardiológico mandatório, ecocardiograma de controle, AAS até normalização do eco (6-8 semanas).
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8. Sinais de Alerta para Retorno Urgente (Pós-Alta)
Orientar a família a procurar emergência se:
Febre persistente ou recorrente (≥38°C).
Dor abdominal intensa, vômitos persistentes.
Manchas vermelhas na pele, olhos vermelhos, inchaço de mãos/pés.
Dificuldade para respirar, lábios azulados.
Dor no peito, palpitações.
Sonolência excessiva, confusão mental, irritabilidade extrema.
Recusa em aceitar líquidos/alimentos.
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9. Critérios de Internação em UTI Pediátrica
Choque: Hipotensão ou necessidade de drogas vasoativas.
Disfunção miocárdica grave: FEVE < 40% ou piora progressiva.
Insuficiência respiratória: Necessidade de O2 alto fluxo ou ventilação.
Arritmias com instabilidade hemodinâmica.
Alteração do nível de consciência.
Insuficiência renal aguda com necessidade de terapia de substituição renal.
Categoria
Infecciosas e Exantemáticas > Bactérias e toxinas > Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica Associada à Covid-19
Conduta Completa
1. Definição e Contexto
A Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), também conhecida internacionalmente como MIS-C (Multisystem Inflammatory Syndrome in Children), é uma condição rara e grave, caracterizada por uma resposta inflamatória exacerbada que afeta múltiplos órgãos e sistemas. Ela está temporalmente associada à infecção pelo SARS-CoV-2, ocorrendo tipicamente de duas a seis semanas após a infecção aguda, mesmo em crianças que foram assintomáticas ou oligossintomáticas.
Descrita pela primeira vez em abril de 2020, a SIM-P representa uma complicação pós-infecciosa da COVID-19. Sua apresentação clínica é heterogênea, com sobreposição a outras condições como a Doença de Kawasaki (DK) e a síndrome do choque tóxico. A notificação dos casos suspeitos e confirmados é compulsória no Brasil desde julho de 2020, visando monitorar a epidemiologia e a evolução clínica da síndrome.
2. Fisiopatologia
A fisiopatologia da SIM-P não está completamente elucidada, mas a hipótese principal é que se trata de uma desregulação do sistema imunológico desencadeada pela infecção prévia pelo SARS-CoV-2. Acredita-se que seja uma resposta imune tardia e exagerada, e não um efeito direto da replicação viral.
Esta resposta hiperinflamatória leva a uma "tempestade de citocinas", com liberação maciça de mediadores pró-inflamatórios, resultando em dano tecidual sistêmico, vasculite e comprometimento de múltiplos órgãos, especialmente o sistema cardiovascular.
3. Fatores de Risco
Embora a SIM-P seja rara, alguns fatores parecem estar associados a um maior risco de desenvolvimento da síndrome:
Idade: Acomete predominantemente crianças maiores de cinco anos e adolescentes.
Etnia: Estudos internacionais sugerem maior incidência em crianças afrodescendentes e hispânicas.
Comorbidades: Condições pré-existentes como obesidade, doenças pulmonares crônicas (incluindo asma), doenças cardiovasculares e imunossupressão podem aumentar a suscetibilidade a formas mais graves.
4. Apresentação Clínica
O quadro clínico é amplo e multissistêmico. A febre elevada (≥38°C) e persistente (≥3 dias) é um achado universal e critério diagnóstico obrigatório.
Manifestações comuns por sistema:
Gastrointestinais (muito frequentes): Dor abdominal intensa (pode mimetizar abdome agudo), vômitos e diarreia.
Cardiovasculares: Disfunção miocárdica, miocardite, pericardite, arritmias, hipotensão e choque cardiogênico. Anormalidades coronarianas, incluindo dilatações e aneurismas, podem ocorrer.
Mucocutâneas: Exantema polimorfo, conjuntivite bilateral não purulenta, eritema e edema de mãos e pés, e inflamação de mucosas (oral, lábios).
Neurológicas: Cefaleia, letargia, irritabilidade e, em casos mais graves, estado mental alterado ou convulsões.
Hematológicas: Coagulopatia com elevação de D-dímero e risco de eventos tromboembólicos.
Respiratórias: Sintomas respiratórios são menos proeminentes que na COVID-19 aguda, mas podem ocorrer, especialmente em casos graves.
5. Diagnóstico
O diagnóstico é baseado em critérios clínicos e laboratoriais, após exclusão de outras causas infecciosas e inflamatórias.
5.1. Critérios Diagnósticos (Baseados na OMS/Ministério da Saúde)
Para a confirmação de um caso de SIM-P, o paciente deve atender a todos os critérios abaixo:
1. Idade: 0 a 19 anos.
2. Febre: ≥ 38°C por 3 dias ou mais.
3. Marcadores Inflamatórios Elevados: Como Proteína C Reativa (PCR), Velocidade de Hemossedimentação (VHS) ou procalcitonina.
4. Acometimento Multissistêmico: Pelo menos dois dos seguintes sistemas envolvidos:
Pele e Mucosas: Exantema, conjuntivite não purulenta ou sinais de inflamação mucocutânea (oral, mãos, pés).
Cardiovascular: Hipotensão, choque, disfunção miocárdica, pericardite, valvulite ou anormalidades coronarianas (detectadas por ecocardiograma ou elevação de Troponina/NT-proBNP).
Hematológico/Coagulação: Evidência de coagulopatia (TP, TTPa, D-dímero elevados).
Gastrointestinal: Dor abdominal, diarreia ou vômitos.
5. Exclusão de Outras Causas: Ausência de outra causa infecciosa óbvia para a inflamação, como sepse bacteriana ou síndromes de choque estafilocócico/estreptocócico.
6. Evidência de Infecção por SARS-CoV-2: RT-PCR, teste de antígeno ou sorologia (IgG/IgM) positivos, ou histórico de contato com caso confirmado de COVID-19.
5.2. Exames Complementares
Avaliação Laboratorial Inicial:
Hemograma completo: Pode mostrar neutrofilia, linfopenia e plaquetopenia.
Provas de atividade inflamatória: PCR, VHS, procalcitonina, ferritina (geralmente muito elevados).
Marcadores de lesão cardíaca: Troponina I/T e peptídeo natriurético cerebral (BNP/NT-proBNP).
Coagulograma: TP, TTPa, fibrinogênio e D-dímero.
Função hepática e renal: Transaminases (TGO/TGP), bilirrubinas, ureia e creatinina.
Eletrólitos e gasometria venosa/arterial.
Pesquisa de SARS-CoV-2: RT-PCR e/ou sorologia.
Exames de Imagem:
Ecocardiograma: Essencial para avaliar função ventricular, derrame pericárdico e anormalidades nas artérias coronárias. Deve ser realizado na admissão e repetido conforme evolução.
Radiografia de tórax: Avaliação de acometimento pulmonar ou cardiomegalia.
Ultrassonografia de abdome: Útil no diagnóstico diferencial de dor abdominal.
5.3. Diagnóstico Diferencial
É crucial diferenciar a SIM-P de outras condições com apresentações semelhantes:
Doença de Kawasaki (DK): A SIM-P ocorre em crianças mais velhas, com inflamação mais intensa e maior frequência de miocardite e sintomas gastrointestinais.
Síndrome do Choque Tóxico (Estafilocócico ou Estreptocócico).
Sepse bacteriana ou viral.
Síndrome de Ativação Macrofágica (SAM).
Apendicite aguda e outras causas de abdome agudo.
Outras doenças infecciosas: Dengue, citomegalovírus, Epstein-Barr vírus.
6. Manejo e Tratamento
O manejo deve ser realizado em ambiente hospitalar, com suporte de equipe multidisciplinar. Casos graves necessitam de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Medidas de Suporte:
Monitoramento contínuo: Sinais vitais, débito urinário e oximetria de pulso.
Suporte hemodinâmico: Reposição volêmica cautelosa e uso de drogas vasoativas (ex: noradrenalina, milrinona) em caso de choque.
Suporte respiratório: Oxigenoterapia ou ventilação mecânica, se necessário.
Antibioticoterapia de amplo espectro: Geralmente iniciada empiricamente (ex: Ceftriaxona) até a exclusão de sepse bacteriana.
Terapia Anti-inflamatória e Imunomoduladora:
Imunoglobulina Intravenosa (IGIV): Terapia de primeira linha, especialmente em pacientes com características de DK ou disfunção cardíaca. A dose recomendada é de 2 g/kg, administrada em dose única, geralmente em 12 horas.
Corticosteroides: Indicados em casos graves, choque, disfunção miocárdica significativa ou falha na resposta à IGIV.
Metilprednisolona: Doses de 1-2 mg/kg/dia ou, em casos refratários ou muito graves, pulsoterapia com 10-30 mg/kg/dia por 1 a 3 dias.
Após melhora, pode-se realizar a transição para prednisolona oral com desmame gradual.
Terapia Antitrombótica:
Ácido Acetilsalicílico (AAS):
Dose anti-inflamatória (30-50 mg/kg/dia) em pacientes com critérios para DK, até 48h afebril.
Dose antiagregante (3-5 mg/kg/dia, máximo de 100 mg/dia) para todos os pacientes com SIM-P, mantida até a normalização do ecocardiograma e dos marcadores inflamatórios (geralmente por 6-8 semanas).
Anticoagulação profilática ou terapêutica (ex: Enoxaparina): Considerar em pacientes com alto risco trombótico (disfunção ventricular grave, aneurismas coronarianos gigantes, história de trombose).
7. Complicações
As complicações mais temidas estão relacionadas ao sistema cardiovascular e incluem:
Choque cardiogênico refratário.
Aneurismas de artérias coronárias.
Arritmias graves.
Eventos tromboembólicos.
Insuficiência renal aguda.
Síndrome de disfunção de múltiplos órgãos.
8. Prognóstico e Seguimento
Com diagnóstico e tratamento precoces, a maioria dos pacientes tem boa evolução. A taxa de letalidade, embora baixa, é significativa, reforçando a gravidade da síndrome.
Seguimento Ambulatorial:
Avaliação clínica e laboratorial: Reavaliação em 1-2 semanas e, posteriormente, em 6-8 semanas após a alta, com controle de hemograma e marcadores inflamatórios até a normalização.
Acompanhamento cardiológico: É mandatório. O ecocardiograma deve ser repetido entre 1-2 semanas e novamente entre 6-8 semanas após o tratamento inicial para monitorar a função cardíaca e as artérias coronárias.
Manutenção do AAS: A suspensão do AAS em dose antiagregante só deve ocorrer após a confirmação de um ecocardiograma normal após 6-8 semanas.
9. Prevenção
A prevenção da SIM-P está diretamente ligada à prevenção da infecção por SARS-CoV-2. A vacinação contra a COVID-19 em crianças e adolescentes é a principal medida para reduzir o risco de infecção e, consequentemente, de suas complicações, incluindo a SIM-P.
10. Referências
1. ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA. Recomendações para o manejo da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica associada à COVID-19 (SIM-P). 2021.
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica da COVID-19. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.
3. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Multisystem Inflammatory Syndrome in Children (MIS-C). Acesso em 15 nov. 2025.
4. OLIVEIRA, J. G. et al. Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) temporalmente associada à COVID-19: uma revisão sistemática. Research, Society and Development, v. 10, n. 3, e12310312987, 2021.
5. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Departamento Científico de Infectologia. Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) temporalmente associada à COVID-19. Documento Científico, 2020.
6. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Multisystem inflammatory syndrome in children and adolescents temporally related to COVID-19. Scientific Brief, 15 May 2020.
Tratamento
1. Orientações Gerais ao Prescritor
Hospitalização Mandatória: Todo paciente com suspeita de SIM-P deve ser internado para investigação e monitoramento. Casos com instabilidade hemodinâmica, disfunção miocárdica ou necessidade de suporte avançado devem ser admitidos em UTI Pediátrica.
Abordagem Multidisciplinar: O manejo deve ser compartilhado entre pediatria, terapia intensiva, cardiologia, infectologia e reumatologia.
Exclusão de Sepse: Iniciar antibioticoterapia de amplo espectro na admissão e reavaliar sua manutenção após 48-72 horas, com base em culturas e evolução clínica.
Monitoramento Contínuo: Avaliar rigorosamente a função cardíaca (clínica, laboratorial e ecocardiográfica), o estado de hidratação e os marcadores inflamatórios.
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2. Esquemas Terapêuticos
2.1. Terapia de Suporte Inicial (Todos os Pacientes)
Hidratação Venosa:
Soro Fisiológico 0,9%: Administrar com cautela, especialmente em pacientes com disfunção miocárdica. Em caso de choque, iniciar com alíquotas de 10-20 mL/kg em 30-60 minutos e reavaliar.
Antibioticoterapia Empírica:
Ceftriaxona: Dose de 80-100 mg/kg/dia, IV, dividida em 12/12h ou 24/24h (dose máxima: 4g/dia). Manter até exclusão de infecção bacteriana.
Profilaxia Antitrombótica (Iniciar na Admissão):
Ácido Acetilsalicílico (AAS): Dose de 3-5 mg/kg/dia, VO, 1x/dia (dose máxima: 100 mg/dia).
2.2. Terapia Imunomoduladora de Primeira Linha
Indicada para todos os pacientes com diagnóstico confirmado de SIM-P.
Imunoglobulina Humana Intravenosa (IGIV):
Dose: 2 g/kg (baseado no peso ideal). Dose máxima de 100-120g.
Administração: Infundir via intravenosa, de forma lenta e contínua, ao longo de 12 a 16 horas.
Exemplo de Prescrição:
Imunoglobulina Humana 5g, frasco-ampola. Administrar um total de [calcular dose total em gramas] gramas, IV, em bomba de infusão contínua, para correr em 12 horas.
Associar Corticoide em Casos Graves (Choque, Disfunção Miocárdica Grave, Falha na IGIV):
Metilprednisolona:
Dose Moderada/Grave: 1-2 mg/kg/dia, IV, dividida em 12/12h.
Pulsoterapia (Choque Refratário/Disfunção Ventricular Grave): 10-30 mg/kg/dia, IV, 1x/dia, por 1 a 3 dias (dose máxima: 1g/dia).
Exemplo de Prescrição (Pulsoterapia):
Metilprednisolona 500mg, frasco-ampola. Diluir [calcular dose em mg] em Soro Glicosado 5% e infundir IV em 2-3 horas, 1 vez ao dia, por 3 dias.
2.3. Terapia para Pacientes com Critérios de Doença de Kawasaki
Ácido Acetilsalicílico (AAS) em Dose Anti-inflamatória:
Dose: 30-50 mg/kg/dia, VO, dividida em 6/6h.
Duração: Manter até o paciente permanecer afebril por 48-72 horas. Após esse período, reduzir para a dose antiagregante (3-5 mg/kg/dia).
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3. Monitoramento Essencial
Clínico:
Sinais vitais (FC, FR, PA, SatO2, Temperatura) a cada 1-4 horas.
Balanço hídrico rigoroso.
Avaliação de perfusão periférica e sinais de choque.
Laboratorial (diário ou a cada 48h, conforme gravidade):
Hemograma, PCR, D-dímero.
Marcadores cardíacos (Troponina, NT-proBNP).
Função renal e hepática.
Imagem:
Ecocardiograma: Na admissão, repetir em 24-48h se houver instabilidade e, posteriormente, com 1-2 semanas e 6-8 semanas após a alta.
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4. Sinais de Alerta para Retorno Urgente (Pós-Alta)
Orientar a família a retornar imediatamente ao serviço de emergência se a criança apresentar:
[ ] Febre persistente ou recorrente (≥38°C).
[ ] Dor abdominal intensa ou vômitos que não melhoram.
[ ] Aparecimento de manchas vermelhas na pele ou olhos vermelhos.
[ ] Inchaço nas mãos ou pés.
[ ] Dificuldade para respirar, respiração acelerada ou lábios azulados.
[ ] Dor no peito ou palpitações.
[ ] Sonolência excessiva, confusão mental ou irritabilidade extrema.
[ ] Recusa em aceitar líquidos ou alimentos.
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5. Critérios de Internação em UTI Pediátrica
Choque: Hipotensão arterial (abaixo do percentil 5 para a idade) ou necessidade de drogas vasoativas.
Disfunção miocárdica grave: Fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) < 40% ou piora progressiva.
Insuficiência respiratória: Necessidade de oxigênio em alto fluxo ou ventilação não invasiva/invasiva.
Arritmias com instabilidade hemodinâmica.
Alteração do nível de consciência.
Insuficiência renal aguda com necessidade de terapia de substituição renal.
Acesso Interativo
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