Reanimação Neonatal
Resumo
1. Definição e Contexto Clínico
A reanimação neonatal é a resposta imediata para restabelecer respiração e circulação em recém-nascidos que falham na transição da vida fetal para neonatal. Cada segundo conta – atrasos aumentam risco de sequelas.
Epidemiologia:
85%: cuidados de rotina
10%: passos iniciais
3-5%: ventilação com pressão positiva (VPP)
<1%: massagem cardíaca/medicações
2. Algoritmo de Reanimação Neonatal (SBP/AAP 2024)
Avaliação Inicial (15s)
Pergunte:
1. Gestação ≥34 sema
Categoria
Neonatal > Cuidados Neonatais Básicos > Reanimação Neonatal
Conduta Completa
1. Definição e Contexto Clínico
A reanimação neonatal é a resposta imediata para restabelecer respiração e circulação em recém-nascidos que falham na transição da vida fetal para neonatal. Cada segundo conta – atrasos aumentam risco de sequelas.
Epidemiologia:
85%: cuidados de rotina
10%: passos iniciais
3-5%: ventilação com pressão positiva (VPP)
<1%: massagem cardíaca/medicações
2. Algoritmo de Reanimação Neonatal (SBP/AAP 2024)
Avaliação Inicial (15s)
Pergunte:
1. Gestação ≥34 semanas?
2. Respira/chorando?
3. Tônus adequado?
Se SIM para todas: cuidados de rotina.
Se NÃO para qualquer: inicie passos iniciais.
Passos Iniciais (até 30s)
1. Aquecer (calor radiante)
2. Posicionar cabeça em leve extensão
3. Aspirar boca/nariz só se necessário
4. Secar vigorosamente
5. Estimular (dorso/plantas dos pés)
Reavalie em 15s:
Respira e FC >100 bpm?
– SIM: observar
– NÃO: VPP
Ventilação com Pressão Positiva (VPP)
Máscara facial bem adaptada
40-60 ventilações/min
Pressão inicial: 20-25 cmH₂O (prematuros: 15-20)
PEEP: 5 cmH₂O
Ver expansão torácica
Após 30s de VPP:
FC >100 bpm: desmame progressivo
FC 60-100 bpm: continue VPP, considere intubação
FC <60 bpm: VPP + massagem cardíaca
Massagem Cardíaca
Técnica dos 2 polegares, terço inferior do esterno
Frequência: 120/min (3:1)
Profundidade: 1/3 do tórax
3 compressões : 1 ventilação
Após 30s:
FC >60 bpm: suspender massagem, manter VPP
FC <60 bpm: iniciar medicação
Medicações
Adrenalina (IV, IO ou ET):
0,01–0,03 mg/kg (0,1–0,3 mL/kg da solução 1:10.000)
Repetir a cada 3–5 min se FC <60 bpm
Diluição: 1 mg em 9 mL SF → 1:10.000
Expansores (SF 0,9% ou RL):
10 mL/kg IV, repetir se necessário
Bicarbonato:
Apenas se acidose grave documentada e após ventilação adequada
3. Critérios de Intervenção e Saturação
| Situação | FC (bpm) | Respiração | Ação |
| ----------------- | -------- | ------------- | ------------------------- |
| Normal | >100 | Adequada | Cuidados de rotina |
| Passos iniciais | >100 | Ausente/irreg | Estimular, aspirar, secar |
| VPP | <100 | Ausente/irreg | VPP 40–60/min |
| Massagem cardíaca | <60 | Qualquer | VPP + massagem 3:1 |
| Medicação | <60 | Qualquer | Adrenalina + suporte |
| Tempo (min) | SatO₂ Alvo (%) | Conduta se abaixo |
| ----------- | -------------- | --------------------- |
| 1 | 60–65 | Rever VPP |
| 2 | 65–70 | Ajustar FiO₂ |
| 3 | 70–75 | Considerar intubação |
| 4 | 75–80 | Avaliar massagem |
| 5 | 80–85 | Considerar medicações |
| 10+ | 85–95 | Manter suporte |
4. Equipamentos Essenciais
Obrigatórios:
Fonte de calor radiante
Oxímetro neonatal
Balão autoinflável 500mL
Máscaras 0 e 1
Aspirador + sondas 8, 10, 12Fr
Relógio segundeiro
Casos complexos:
Laringoscópio (lâminas 0 e 1), cânulas 2,5–4,0 mm, detector de CO₂, medicações prontas.
5. Técnicas Específicas
VPP com máscara: cabeça neutra, máscara cobre nariz/boca, vedação firme, expansão torácica visível.
Intubação orotraqueal: indicações: VPP ineficaz, necessidade de massagem, hérnia diafragmática, prematuros extremos.
Acesso vascular: preferir cateter umbilical venoso; intraósseo se sem acesso venoso.
6. Situações Especiais
Meconial: só aspirar se não-vigoroso e sinais de obstrução.
Prematuros <34sem: manter aquecido, FiO₂ inicial menor, considerar CPAP precoce.
Gemelaridade: duplicar equipe/equipamentos.
7. Complicações e Manejo
Pneumotórax: piora súbita, assimetria → punção 2º EIC, linha hemiclavicular.
Bradicardia persistente: rever ventilação, considerar hipovolemia.
Não resposta: avaliar má ventilação, causas estruturais, acidose grave.
8. Critérios de Interrupção
10 minutos de reanimação sem resposta
Apgar 0 aos 10 minutos (individualizar)
Malformações incompatíveis com a vida
Sempre avaliar contexto clínico e vontade familiar
9. Cuidados Pós-Reanimação
Monitorização intensiva: FC, FR, SatO₂, glicemia, TºC, débito urinário
Avaliação neurológica contínua
Hipotermia terapêutica conforme protocolo
Suporte ventilatório e metabólico conforme necessidade
10. Comunicação com a Família
Durante: explicações claras, membro da equipe junto à família
Após: detalhamento dos procedimentos, prognóstico, orientações, suporte emocional
11. Referências Bibliográficas
1. SBP. Reanimação do RN ≥34sem: Diretrizes 2022
2. AHA/AAP Focused Update Neonatal Resuscitation. Circulation 2023
3. ILCOR. 2025 CoSTR Summary: Neonatal Life Support
4. Wyckoff MH et al. Neonatal Life Support: 2020 Int. Consensus
5. SBP. Reanimação do RN <34sem: Diretrizes 2021
Tratamento
1. Prescrição de Emergência (Sala de Parto)
Orientações:
Doses pré-calculadas, preferir via IV/IO
Adrenalina ET só se não houver acesso IV/IO
Medicações disponíveis 24h
Medicações
Adrenalina:
– IV/IO: 0,01–0,03 mg/kg (0,1–0,3 mL/kg 1:10.000)
– ET: 0,05–0,1 mg/kg (0,5–1 mL/kg 1:10.000)
– Diluição: 1 mg + 9 mL SF = 1:10.000
Expansores (SF 0,9%/RL):
– 10 mL/kg IV em 5–10min; repetir se necessário até 30 mL/kg
Bicarbonato de sódio:
– 1–2 mEq/kg IV lento (diluir 1:1 com água destilada)
– Só usar se acidose documentada + ventilação adequada
Doses Pré-Calculadas
| Peso (kg) | Adrenalina IV (mL) | Adrenalina ET (mL) | Expansor (mL) | Bicarbonato (mL) |
| --------- | ------------------ | ------------------ | ------------- | ---------------- |
| 1,0 | 0,1–0,3 | 0,5–1,0 | 10 | 1–2 |
| 1,5 | 0,15–0,45 | 0,75–1,5 | 15 | 1,5–3 |
| 2,0 | 0,2–0,6 | 1,0–2,0 | 20 | 2–4 |
| 2,5 | 0,25–0,75 | 1,25–2,5 | 25 | 2,5–5 |
| 3,0 | 0,3–0,9 | 1,5–3,0 | 30 | 3–6 |
| 3,5 | 0,35–1,05 | 1,75–3,5 | 35 | 3,5–7 |
| 4,0 | 0,4–1,2 | 2,0–4,0 | 40 | 4–8 |
2. Prescrição Pós-Reanimação
Monitorização intensiva:
Sinais vitais de 15/15min nas primeiras horas
SatO₂ contínua, glicemia 1h, 3h, 6h, 12h, depois 6/6h
Débito urinário horário
Peso diário
Suporte respiratório:
O₂ para manter SatO₂ 85–95% após 10min
FiO₂ inicial 0,21 (≥35sem) ou 0,21–0,30 (<35sem)
Surfactante: 100–200 mg/kg intratraqueal, se indicado
Suporte cardiovascular:
Dopamina: 5–20 mcg/kg/min IV
Dobutamina: 2,5–15 mcg/kg/min IV
Controle de convulsões:
Fenobarbital: Ataque 20 mg/kg IV, manutenção 3–5 mg/kg/dia
Fenitoína: Ataque 15–20 mg/kg IV, manutenção 5–8 mg/kg/dia
Suporte metabólico:
Glicose 10%: 2–4 mL/kg IV se glicemia <40 mg/dL
Infusão contínua: 4–6 mg/kg/min
Gluconato de cálcio 10%: 1–2 mL/kg IV se hipocalcemia
3. Cuidados de Enfermagem
Monitorização contínua: FC, FR, SatO₂, PA, TºC, glicemia
Avaliação neurológica horária nas primeiras 6h
Débito urinário, peso diário
Aspiração e fisioterapia respiratória só se necessário
4. Cronograma de Reavaliação
Primeiros 30min: avaliação intensiva, ajuste de suporte/medicações
Primeiras 6h: sinais vitais 15/15min, gasometrias
6–72h: estabilização, desmame progressivo
5. Critérios de Melhora e Sinais de Alerta
Alta UTI:
Estabilidade respiratória (sem suporte >24h)
Hemodinâmica estável (sem drogas vasoativas >24h)
Sem convulsões >48h
Dieta enteral tolerada
Sinais de alerta:
Apneia, dessaturação, bradicardia, hipotensão, convulsão, hipoglicemia recorrente
6. Contraindicações e Precauções
Adrenalina: cuidado com extravasamento (necrose)
Bicarbonato: não usar sem ventilação eficaz
Expansores: evitar em insuficiência cardíaca
7. Interações Medicamentosas
Fenobarbital + Fenitoína: sedação excessiva
Dopamina + Bicarbonato: inativação da dopamina
Cálcio + Bicarbonato: não misturar (risco de precipitação)
8. Seguimento Pós-Alta
Consulta 7–15 dias pós-alta
Avaliação neurológica regular (3, 6, 12, 24 meses)
Acompanhamento multiprofissional
Acesso Interativo
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