Distúrbios Neurológicos do RN
Resumo
1. Definição e Contexto Clínico
Os distúrbios neurológicos neonatais incluem principalmente: hemorragia intraventricular (HIV), leucomalácia periventricular (LPV), encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI), convulsões neonatais e malformações do SNC. São causas importantes de mortalidade e sequelas neurodesenvolvimentais.
Epidemiologia essencial:
HIV: 15–20% prematuros <32 semanas
EHI: 1–3 por 1000 nascidos a termo
Convulsões: 1–5 por 1000 RN vivos
LPV: 3–7% dos prematuros <32 semanas
Avali
Categoria
Neonatal > Patologias Neonatais Específicas > Distúrbios Neurológicos do RN
Conduta Completa
1. Definição e Contexto Clínico
Os distúrbios neurológicos neonatais incluem principalmente: hemorragia intraventricular (HIV), leucomalácia periventricular (LPV), encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI), convulsões neonatais e malformações do SNC. São causas importantes de mortalidade e sequelas neurodesenvolvimentais.
Epidemiologia essencial:
HIV: 15–20% prematuros <32 semanas
EHI: 1–3 por 1000 nascidos a termo
Convulsões: 1–5 por 1000 RN vivos
LPV: 3–7% dos prematuros <32 semanas
Avaliação clínica detalhada, neuroimagem precoce (US craniano, RM, TC) e EEG são fundamentais.
2. Condutas Específicas
2.1 Hemorragia Intraventricular (HIV)
Classificação: Grau I–IV (US craniano)
Prevenção: corticoide antenatal, estabilização hemodinâmica precoce
Tratamento agudo: suporte ventilatório e hemodinâmico, monitorização neurológica contínua
Complicações: hidrocefalia, necessidade eventual de derivação ventricular (principalmente graus III e IV)
Seguimento neurológico rigoroso
2.2 Leucomalácia Periventricular (LPV)
Diagnóstico: US craniano inicial; RM para confirmação
Prevenção: controle rigoroso de hipóxia, hipotensão, prevenção de infecções e estabilização clínica neonatal precoce
Reabilitação precoce: fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia
Seguimento multidisciplinar para identificar sequelas
2.3 Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica (EHI)
Classificação Sarnat: leve (I), moderada (II), grave (III)
Conduta essencial: iniciar hipotermia terapêutica antes de 6 horas de vida para graus II e III
Neuroproteção rigorosa: controle glicêmico, metabólico, respiratório e hemodinâmico
Monitorização contínua com EEG
Tratamento precoce de convulsões
2.4 Convulsões Neonatais
Avaliação etiológica imediata: glicemia, eletrólitos, gasometria, neuroimagem, infecções, EEG contínuo
Tratamento inicial com anticonvulsivantes: fenobarbital, fenitoína ou levetiracetam
Correção imediata de causas subjacentes
2.5 Malformações do SNC
Defeitos tubo neural: cirurgia precoce (espinha bífida), cuidados paliativos (anencefalia)
Hidrocefalia: derivação ventricular (VP) precoce ou ventriculostomia
Microcefalia: investigação etiológica (infecções TORCH, síndromes genéticas), seguimento multidisciplinar rigoroso
3. Neuroproteção Neonatal
Hipotermia terapêutica indicada para EHI moderada e grave
Controle glicêmico (50–80 mg/dL), metabólico e hemodinâmico rigoroso
Minimizar estímulos externos (ruído, luz)
4. Reabilitação e Seguimento
Equipe multidisciplinar precoce (neurologista, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo)
Avaliação contínua do desenvolvimento neuropsicomotor
Intervenção precoce personalizada conforme necessidade
5. Referências Recomendadas:
Volpe JJ. Neurology of the Newborn. 6ª ed. Philadelphia: Elsevier, 2018.
SBP. Documento científico sobre Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica. Rio de Janeiro: SBP, 2021.
SBP. Diretrizes Clínicas sobre Convulsões Neonatais. Rio de Janeiro: SBP, 2020.
Shankaran S, et al. Whole-body hypothermia for neonates with hypoxic-ischemic encephalopathy. N Engl J Med. 2005;353(15):1574–1584.
Tratamento
1. Prescrição Hospitalar
1.1 Hemorragia Intraventricular (HIV)
Suporte clínico: estabilização hemodinâmica e ventilatória rigorosa.
Monitorização: US craniano seriado (72h, 7 e 14 dias).
Anticonvulsivantes (se convulsões presentes):
Fenobarbital 20 mg/kg IV ataque; manutenção 3–5 mg/kg/dia IV, alvo sérico 20–40 μg/mL.
Fenitoína alternativa (20 mg/kg IV lento; manutenção 5–8 mg/kg/dia).
Hidrocefalia: neurocirurgia consultada para derivação ventricular (principalmente graus III e IV).
1.2 Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica (EHI)
Hipotermia terapêutica:
Iniciar até 6h de vida, manter 72h a 33–34°C.
Reaquecimento gradual: 0,5°C por hora.
Monitorização: EEG contínuo, temperatura, glicemia, eletrólitos, hemodinâmica.
Controle glicêmico: manter glicemia entre 50–80 mg/dL.
Ventilação mecânica: parâmetros protetores (normocapnia e normóxia).
Anticonvulsivantes:
Fenobarbital: ataque 20 mg/kg IV; manutenção 3–5 mg/kg/dia IV.
Fenitoína segunda linha (20 mg/kg IV; manutenção 5–8 mg/kg/dia).
Levetiracetam: 20–60 mg/kg/dia IV em casos refratários.
1.3 Convulsões Neonatais
Fenobarbital: 20 mg/kg IV ataque, dose adicional 10 mg/kg após 30 min se persistência; manutenção 3–5 mg/kg/dia IV.
Fenitoína: alternativa, 20 mg/kg IV lento, manutenção 5–8 mg/kg/dia.
Levetiracetam: alternativa para convulsões refratárias, 20–60 mg/kg IV dividido em 2–3 doses diárias.
Correção imediata: glicemia <45 mg/dL, cálcio ionizado <4 mg/dL, magnésio <1,6 mg/dL.
1.4 Leucomalácia Periventricular (LPV)
Neuroproteção: estabilização hemodinâmica, evitar hipóxia, hipotensão, e infecções.
Reabilitação precoce intensiva: fisioterapia motora diária, terapia ocupacional semanal, fonoaudiologia conforme necessário.
1.5 Malformações do SNC
Hidrocefalia:
Avaliação imediata pela neurocirurgia pediátrica para possível derivação VP.
Defeitos do tubo neural:
Avaliação cirúrgica precoce (até 72h após nascimento).
Microcefalia:
Avaliação etiológica precoce: TORCH, Zika vírus, genética.
Reabilitação precoce e seguimento ambulatorial rigoroso.
1.6 Cuidados Gerais Essenciais:
Controle rigoroso: glicêmico (50–80 mg/dL), eletrólitos (Na, Ca, Mg), gasometria arterial (pH 7,35–7,45, PaCO₂ 40–55 mmHg, PaO₂ 50–80 mmHg).
Controle metabólico rigoroso e minimização de estímulos externos (luz, ruídos).
Monitorização contínua neurológica e hemodinâmica.
2. Cuidados Específicos de Enfermagem:
Registro contínuo e detalhado do quadro neurológico e hemodinâmico.
Administração rigorosa dos anticonvulsivantes.
Controle rigoroso da temperatura em casos de hipotermia terapêutica.
Apoio e orientação constante à família.
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