Sepse Neonatal

Resumo

1. Definição e Contexto Clínico A sepse neonatal é uma síndrome clínica caracterizada por sinais de infecção sistêmica com resposta inflamatória desregulada, sendo uma das principais causas de morbimortalidade no período neonatal. Epidemiologia: Incidência geral: 1-5 por 1000 nascidos vivos. Mortalidade: 10-50% dependendo da gravidade. Sequelas neurológicas: 20-50% dos sobreviventes. Classificação temporal: Sepse precoce (<72h vida): transmissão vertical (materna). Sepse tardia (>72h vid

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Neonatal > Patologias Neonatais Específicas > Sepse Neonatal

Conduta Completa

1. Definição e Contexto Clínico A sepse neonatal é uma síndrome clínica caracterizada por sinais de infecção sistêmica com resposta inflamatória desregulada, sendo uma das principais causas de morbimortalidade no período neonatal. Epidemiologia: Incidência geral: 1-5 por 1000 nascidos vivos. Mortalidade: 10-50% dependendo da gravidade. Sequelas neurológicas: 20-50% dos sobreviventes. Classificação temporal: Sepse precoce (<72h vida): transmissão vertical (materna). Sepse tardia (>72h vida): transmissão horizontal (nosocomial ou comunitária). 2. Etiologia | Tipo | Principais Agentes | | ------------- | --------------------------------------------------------------------------------------------- | | Sepse Precoce | Streptococcus agalactiae (GBS), E. coli, Listeria monocytogenes | | Sepse Tardia | Staphylococcus coagulase-negativa, Staphylococcus aureus, enterobactérias, Candida spp. | 3. Fatores de Risco | Categoria | Principais Fatores | | ------------ | -------------------------------------------------------------------------------------------------- | | Maternos | Corioamnionite, ruptura de membranas >18h, febre intraparto, colonização GBS | | Neonatais | Prematuridade, baixo peso, asfixia | | Hospitalares | Cateter venoso central, ventilação mecânica, uso prévio de antibióticos, hospitalização prolongada | 4. Manifestações Clínicas Respiratórias: Apneia, taquipneia, gemido respiratório. Cardiovasculares: Instabilidade hemodinâmica, má perfusão periférica. Neurológicas: Letargia, convulsões, fontanela abaulada. Gastrointestinais: Distensão abdominal, intolerância alimentar. Gerais: Instabilidade térmica (hipo/hipertermia), icterícia. 5. Diagnóstico Investigação obrigatória: Hemograma completo. Hemocultura (duas amostras preferencialmente). PCR, procalcitonina, lactato sérico. Urocultura (se >72h vida). Líquor (se sinais neurológicos). Radiografia de tórax, eletrólitos e função renal. | Biomarcador | Valor normal | Suspeita de sepse | | -------------- | ------------ | ----------------- | | PCR | <10 mg/L | >10 mg/L | | Procalcitonina | <0,5 ng/mL | >2 ng/mL | | Relação I/T | <0,2 | >0,3 | | Lactato | <2 mmol/L | >4 mmol/L | 6. Manejo Clínico Antibioticoterapia empírica imediata (máximo 1 hora). Suporte hemodinâmico e ventilatório intensivo. Monitorização contínua dos sinais vitais e metabólicos. 7. Prevenção Prevenção Sepse Precoce: Profilaxia intraparto para GBS positivo. Tratamento imediato de corioamnionite. Prevenção Sepse Tardia: Higienização rigorosa das mãos. Remoção precoce de cateteres invasivos. 8. Prognóstico | Favoráveis | Desfavoráveis | | ---------------------------------------------------------- | --------------------------------------------------------------------------- | | Diagnóstico precoce, peso >1500g, ausência de complicações | Prematuridade extrema, meningite, agentes resistentes, atraso no tratamento | Referências Bibliográficas Sociedade Brasileira de Pediatria. Sepse Neonatal Precoce e Abordagem do RN de Risco. SBP, 2021. Puopolo KM et al. Management of Neonates with Suspected Early-Onset Sepsis. Pediatrics, 2018. Shane AL et al. Neonatal Sepsis. Lancet, 2017.

Tratamento

1. Antibioticoterapia Empírica Sepse Precoce (<72h) Ampicilina: 100-200 mg/kg/dia IV, dividido em 2-3 doses. <7 dias: 50 mg/kg 12/12h. > 7 dias: 50 mg/kg 8/8h. Gentamicina: 4-7 mg/kg/dia IV, 24/24h. Ajustar dose conforme idade gestacional e função renal. Sepse Tardia (≥72h) Vancomicina: 10-15 mg/kg IV/dose. <30 semanas: 18/18h. 30-36 semanas: 12/12h. > 37 semanas: 8/8h. Cefepime: 100-150 mg/kg/dia IV dividido 8/8h ou 12/12h. Alternativa: Meropenem 60-120 mg/kg/dia dividido em 8/8h ou 12/12h. 2. Suporte Hemodinâmico Cristaloides: 10-20 mL/kg IV para correção inicial. Dopamina: 5-20 mcg/kg/min IV contínuo, ajuste conforme PA. Dobutamina: 2,5-15 mcg/kg/min IV contínuo, em caso de disfunção cardíaca. Noradrenalina: 0,05-2 mcg/kg/min IV contínuo, em choque refratário. 3. Correção de Distúrbios Metabólicos Hipoglicemia (<40 mg/dL): Glicose 10%, 2-4 mL/kg IV bolus, manutenção 4-8 mg/kg/min. Acidose metabólica grave (pH<7,2): Bicarbonato de sódio 8,4%, 1-2 mEq/kg IV diluído lentamente. Coagulopatia: Plasma fresco congelado 10-15 mL/kg. Concentrado de plaquetas 10-15 mL/kg, se plaquetas <50.000/mm³ com sangramento ativo. 4. Cuidados de Enfermagem Específicos Monitorização rigorosa: PA, FC, SpO₂, diurese. Balanço hídrico estrito e controle glicêmico frequente. Técnica asséptica rigorosa em procedimentos invasivos. 5. Monitorização e Reavaliação | Período | Exame Clínico | Exames Laboratoriais | |----------|---------------|--------------------------------| | 24h | Cada 6h | Gasometria, lactato, hemograma | | 48-72h | Cada 8h | PCR, procalcitonina, culturas | 6. Duração Recomendada do Tratamento | Condição | Duração | |-----------------------|------------| | Sepse clínica | 7-10 dias | | Bacteremia confirmada | 10-14 dias | | Meningite | 14-21 dias | 7. Critérios para Alta Estabilidade clínica por pelo menos 48h. Culturas negativas após 48h. Tolerância alimentar adequada. Seguimento ambulatorial garantido. 8. Seguimento Pós-Alta Consultas periódicas: 7 dias, 1, 3, 6, 12 e 24 meses após alta. Avaliação neuropsicomotora regular. Triagem auditiva (BERA) se uso prolongado de aminoglicosídeos.

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