Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Resumo
Transtorno do Espectro Autista (TEA) - Resumo Rápido para Profissionais de Saúde
1. Definição e Contexto
Neurodesenvolvimento caracterizado por déficits persistentes em comunicação/interação social e padrões restritos/repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.
Início nos primeiros anos de vida, com impacto funcional significativo. Prevalência: aproximadamente 1 em 36 crianças.
2. Etiologia e Fisiopatologia
Multifatorial: Forte base genética (mutações, CNVs, síndromes como X frágil, esclerose tuberosa) e fatores ambientais (prematuridade, idade parental avançada, exposição a ácido valproico na gestação).
Neurobiologia: Padrões atípicos de conectividade cerebral.
3. Diagnóstico Clínico (DSM-5-TR)
Base: Exclusivamente clínico, fundamentado na observação e histórico de desenvolvimento.
Critérios Essenciais (2 domínios):
1. Déficits Persistentes na Comunicação e Interação Social:
Dificuldades na reciprocidade socioemocional (ex: falha em iniciar ou responder a interações).
Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais (ex: contato visual atípico, dificuldade em usar e compreender gestos).
Dificuldades em desenvolver, manter e compreender relacionamentos.
2. Padrões Restritos e Repetitivos de Comportamento, Interesses ou Atividades:
Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (ex: estereotipias motoras, ecolalia).
Insistência na rotina, adesão inflexível a rituais.
Interesses fixos e altamente restritos, anormais em intensidade ou foco.
Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente.
Avaliação de Gravidade: Níveis 1, 2, 3 (baseado na necessidade de suporte).
Diagnóstico Diferencial: Deficiência intelectual, Transtorno da Comunicação Social (pragmática), TDAH, Transtornos de Ansiedade/TOC, Deficiências auditivas ou visuais não corrigidas.
4. Exames Complementares
Não há biomarcadores laboratoriais ou de imagem para o diagnóstico de TEA.
Essencial: Avaliação audiológica completa (excluir deficiência auditiva) em todas as crianças com suspeita de atraso de linguagem ou TEA.
Considerar:
Testes genéticos (microarray cromossômico, pesquisa de X frágil) se dismorfismos, deficiência intelectual ou história familiar sugestiva.
Eletroencefalograma (EEG) se suspeita de epilepsia ou regressão de marcos do desenvolvimento.
5. Manejo e Tratamento
Princípio: Multidisciplinar, precoce e individualizado. Não há tratamento medicamentoso para os sintomas nucleares do TEA. A farmacoterapia é direcionada para o manejo de comorbidades e sintomas-alvo que causam prejuízo funcional significativo.
Intervenções Não Farmacológicas (Primeira Linha e Essenciais):
Análise do Comportamento Aplicada (ABA): Abordagem com maior nível de evidência para melhora de habilidades sociais, de comunicação e adaptativas.
Terapia da Fala e Linguagem: Focada no desenvolvimento da comunicação verbal e não verbal.
Terapia Ocupacional: Direcionada para a integração sensorial, habilidades motoras finas e atividades de vida diária.
Intervenções educacionais estruturadas e treinamento parental.
Manejo Farmacológico (Sintomas-Alvo e Comorbidades):
Irritabilidade, Agressividade e Comportamentos Autolesivos:
Risperidona: Iniciar 0,25 mg/noite. Dose alvo usual 0,5-1 mg/dia (dividida). Dose máxima usual: 2,5 mg/dia.
Aripiprazol: Iniciar 2 mg/dia. Dose alvo usual 5-10 mg/dia. Dose máxima: 15 mg/dia.
Monitorar: Ganho de peso, sedação, efeitos extrapiramidais (SEP), metabólicos (glicemia, lipídios).
Hiperatividade e Desatenção (comorbidade com TDAH):
Metilfenidato: Iniciar 2,5 mg/manhã. Titular lentamente (alvo 0,3-0,7 mg/kg/dia).
Monitorar: Irritabilidade, insônia, supressão do apetite.
Distúrbios do Sono (Insônia Inicial):
Higiene do Sono: Medidas de primeira linha.
Melatonina: 1-3 mg, por via oral, 30-60 minutos antes de dormir. Pode aumentar até 10 mg.
6. Monitoramento e Manejo de Efeitos Adversos
Monitoramento Clínico: Avaliar eficácia (escalas, relatos), peso/altura/IMC (risco metabólico), sinais de SEP, sonolência diurna.
Monitoramento Laboratorial (para usuários de antipsicóticos atípicos): Glicemia de jejum e perfil lipídico na linha de base, repetir em 3 meses e anualmente. Dosagem de prolactina se suspeita.
Manejo de Efeitos Adversos Comuns:
Ganho de Peso Significativo: Intensificar dieta/atividade física. Considerar troca para Aripiprazol ou associação de Metformina.
Sedação Excessiva: Administrar dose à noite. Se persistir, reduzir dose ou trocar fármaco.
Sintomas Extrapiramidais (SEP): Reduzir dose. Biperideno (distonia), Propranolol (acatisia).
Ativação Comportamental (com estimulantes ou ISRS): Suspender medicamento e reavaliar estratégia.
7. Sinais de Alerta e Critérios para Hospitalização
Sinais de Alerta para Retorno Imediato ou Contato com a Equipe Médica:
Movimentos involuntários: Tremores, rigidez no corpo, torcicolos ou movimentos anormais da boca e língua.
Sedação excessiva: Criança muito sonolenta, com dificuldade para acordar ou participar das atividades diárias.
Aumento súbito e intenso da irritabilidade ou agitação após iniciar ou aumentar a dose de um medicamento.
Recusa alimentar completa ou vômitos persistentes.
Febre alta associada a rigidez muscular intensa e confusão mental (suspeita de Síndrome Neuroléptica Maligna - EMERGÊNCIA).
Critérios para Hospitalização:
Risco iminente e grave de auto ou heteroagressão que não pode ser manejado em ambiente ambulatorial.
Comportamento disruptivo que leva à quebra completa do suporte familiar.
Necessidade de investigação e manejo de comorbidade clínica grave descompensada.
Reação adversa grave a psicofármacos que necessite de monitoramento intensivo.
8. Prognóstico e Seguimento
O prognóstico é variável. O diagnóstico e o início de intervenções precoces estão associados a melhores desfechos a longo prazo.
O seguimento deve ser contínuo e multiprofissional, com reavaliações periódicas.
Categoria
Neurologia > Transtornos do Neurodesenvolvimento > Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Conduta Completa
1. Definição e Contexto Clínico
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por déficits persistentes na comunicação e interação social em múltiplos contextos, associados a padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Os sinais geralmente se manifestam nos primeiros anos de vida e a condição acarreta um impacto funcional significativo ao longo do desenvolvimento. A prevalência estimada é de aproximadamente 1 em cada 36 crianças, sendo mais comum no sexo masculino.
2. Fisiopatologia
A fisiopatologia do TEA é complexa e multifatorial, envolvendo uma forte base genética que interage com fatores ambientais. Alterações em múltiplos genes, especialmente aqueles que regulam a sinaptogênese e as vias de sinalização neuronal (como RAS/ERK, PI3K/AKT), parecem ser centrais. Neurobiologicamente, observam-se padrões atípicos de conectividade cerebral, com déficits em conexões de longa distância e um aumento na conectividade local, além de alterações na matéria branca, córtex e cerebelo. Essas alterações resultam em um processamento de informações atípico, que se manifesta como hipersensibilidade sensorial e dificuldades na integração de estímulos.
3. Etiologia e Fatores de Risco
A etiologia é predominantemente genética, com alta herdabilidade, embora a maioria dos casos seja poligênica e multifatorial.
Fatores Genéticos: Mutações genéticas e variações no número de cópias (CNVs) em genes associados ao desenvolvimento sináptico são os fatores de maior peso. Síndromes genéticas como a do X frágil, esclerose tuberosa e mutações no gene PTEN estão associadas a um maior risco.
Fatores Ambientais (Pré e Perinatais): A interação com fatores ambientais é crucial. Fatores de risco incluem idade parental avançada, prematuridade extrema, baixo peso ao nascer e exposição a certas substâncias durante a gestação, como o ácido valproico.
4. Avaliação Clínica e Diagnóstico
O diagnóstico do TEA é clínico, baseado nos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR).
Manifestações Clínicas
Os critérios diagnósticos se dividem em dois domínios principais:
Déficits na Comunicação e Interação Social:
- Dificuldades na reciprocidade socioemocional (ex: falha em iniciar ou responder a interações sociais).
- Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais (ex: contato visual atípico, dificuldade em usar e compreender gestos).
- Dificuldades em desenvolver, manter e compreender relacionamentos.
Padrões Restritos e Repetitivos de Comportamento, Interesses ou Atividades:
- Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (ex: estereotipias motoras, ecolalia).
- Insistência na rotina, adesão inflexível a rituais.
- Interesses fixos e altamente restritos, anormais em intensidade ou foco.
- Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente.
Exame Físico
O exame físico geral é frequentemente normal. A avaliação deve focar no exame neurológico, buscando sinais de síndromes genéticas associadas (ex: manchas hipocrômicas na esclerose tuberosa), e na avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor. A observação do comportamento durante a consulta é fundamental para avaliar a interação social, comunicação e presença de comportamentos repetitivos.
Avaliação de Gravidade
O DSM-5-TR especifica os níveis de gravidade com base na necessidade de suporte:
Nível 1 (Exigindo apoio): Dificuldades na comunicação social que causam prejuízos notáveis. A inflexibilidade de comportamento interfere no funcionamento em um ou mais contextos.
Nível 2 (Exigindo apoio substancial): Déficits acentuados na comunicação social verbal e não verbal; prejuízos sociais aparentes mesmo com apoios. A inflexibilidade e os comportamentos repetitivos são óbvios e interferem no funcionamento em vários contextos.
Nível 3 (Exigindo apoio muito substancial): Déficits graves na comunicação social verbal e não verbal causam prejuízos graves no funcionamento. A inflexibilidade, os comportamentos repetitivos e a dificuldade em lidar com a mudança interferem acentuadamente no funcionamento em todos os domínios.
Diagnóstico Diferencial
A avaliação deve excluir outras condições que podem mimetizar ou coexistir com o TEA.
Deficiência intelectual sem TEA
Transtorno da comunicação social (pragmática)
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)
Transtornos de ansiedade
Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
Transtornos psicóticos de início na infância
Deficiências auditivas ou visuais não corrigidas
5. Exames Complementares
Não existem biomarcadores laboratoriais ou de imagem para o diagnóstico de TEA. A solicitação de exames é direcionada pela suspeita de comorbidades ou diagnósticos diferenciais.
Avaliação Audiológica: Essencial em todas as crianças com suspeita de atraso de linguagem ou TEA para excluir deficiência auditiva.
Testes Genéticos: Aconselhamento genético e testagem (ex: microarray cromossômico, pesquisa de X frágil) podem ser considerados, especialmente na presença de dismorfismos, deficiência intelectual ou história familiar sugestiva.
Eletroencefalograma (EEG): Indicado na suspeita de epilepsia, uma comorbidade comum, ou em casos de regressão de linguagem ou habilidades motoras (suspeita de síndrome de Landau-Kleffner).
6. Manejo e Tratamento
O manejo do TEA é multidisciplinar e focado em intervenções precoces e individualizadas para maximizar o desenvolvimento e a qualidade de vida. Não há tratamento medicamentoso para os sintomas nucleares do TEA. A farmacoterapia é direcionada para o manejo de comorbidades e sintomas-alvo específicos.
Intervenções Não Farmacológicas (Primeira Linha):
- Análise do Comportamento Aplicada (ABA): Abordagem com maior nível de evidência para melhora de habilidades sociais, de comunicação e adaptativas.
- Terapia da Fala e Linguagem: Focada no desenvolvimento da comunicação verbal e não verbal.
- Terapia Ocupacional: Direcionada para a integração sensorial, habilidades motoras finas e atividades de vida diária.
- Intervenções educacionais e suporte psicossocial: Inclui programas educacionais estruturados e treinamento parental.
Manejo Farmacológico (Comorbidades e Sintomas-Alvo):
- Irritabilidade, Agressividade e Comportamentos Autolesivos: Antipsicóticos atípicos são os fármacos com maior evidência. Risperidona e Aripiprazol são aprovados para essa indicação.
- Hiperatividade e Desatenção (comorbidade com TDAH): Psicoestimulantes (Metilfenidato) podem ser eficazes, mas o risco de efeitos adversos como irritabilidade e insônia é maior nesta população. Agonistas alfa-2-adrenérgicos (ex: clonidina) são alternativas.
- Comportamentos Repetitivos e Ansiedade: Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são frequentemente utilizados, embora a evidência de eficácia seja mista e o risco de ativação comportamental deva ser monitorado.
7. Complicações
Indivíduos com TEA apresentam maior prevalência de comorbidades clínicas e psiquiátricas:
Epilepsia
Transtornos do sono (especialmente insônia)
Transtornos gastrointestinais (constipação, dor abdominal)
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)
Transtornos de ansiedade e depressão
Deficiência intelectual
Transtorno bipolar
8. Prognóstico e Seguimento
O prognóstico é variável e depende do nível de suporte necessário, da presença de deficiência intelectual e do desenvolvimento da linguagem funcional. O diagnóstico e o início de intervenções precoces estão associados a melhores desfechos a longo prazo. O seguimento deve ser contínuo e multiprofissional, com reavaliações periódicas para ajustar o plano terapêutico às necessidades de cada fase do desenvolvimento.
9. Prevenção
Não há medidas conhecidas para prevenir o TEA. A prevenção primária foca no aconselhamento genético para famílias de alto risco e na otimização da saúde pré-natal. A prevenção secundária envolve a triagem e o diagnóstico precoce para permitir o início imediato das intervenções, o que constitui o fator mais importante para a melhora do prognóstico.
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5-TR. 5. ed. rev. Porto Alegre: Artmed, 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA). Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
HIROTA, T.; KING, B. H. Autism Spectrum Disorder: A Review. JAMA, v. 329, n. 2, p. 157–168, 2023.
Hyman, S. L. et al. Identification, Evaluation, and Management of Children With Autism Spectrum Disorder. Pediatrics, v. 145, n. 1, p. e20193447, 2020.
PAULA, C. S. de; RIBEIRO, S. H.; FOMBONNE, E.; MERCADANTE, M. T. Brief report: prevalence of pervasive developmental disorder in Brazil: a pilot study. Journal of Autism and Developmental Disorders, v. 41, n. 12, p. 1738-1742, 2011.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Transtorno do Espectro do Autismo. Documento Científico, Departamento de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento, n. 3, 2019.
Tratamento
1. Orientações Gerais ao Prescritor
O manejo do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é primariamente não farmacológico, baseado em intervenções comportamentais, educacionais e terapêuticas. A farmacoterapia não trata os sintomas nucleares do TEA, mas é uma ferramenta importante para manejar comorbidades e sintomas-alvo que causam prejuízo funcional significativo, como irritabilidade severa, agressividade, hiperatividade e ansiedade. A meta terapêutica é reduzir esses sintomas para permitir que o indivíduo se beneficie das intervenções principais. A decisão de iniciar um fármaco deve ser compartilhada com a família, ponderando riscos e benefícios.
2. Prescrição para Avaliação Inicial / Admissão
A avaliação inicial é ambulatorial. A hospitalização é rara e reservada para crises comportamentais graves com risco de auto ou heteroagressão incontrolável em outros contextos, ou para manejo de comorbidades clínicas descompensadas.
Avaliação Multiprofissional: Encaminhar para avaliação com neuropediatra/psiquiatra infantil, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e psicólogo com especialização em análise do comportamento.
Exames Iniciais:
1. Avaliação audiológica completa (audiometria, BERA), se ainda não realizada.
2. Considerar exames laboratoriais (ex: TSH, hemograma) e genéticos (microarray cromossômico) conforme a avaliação clínica.
3. EEG em caso de suspeita de crises epilépticas ou regressão de marcos do desenvolvimento.
3. Esquemas Terapêuticos
O tratamento é direcionado a sintomas-alvo específicos. Iniciar sempre com a menor dose efetiva e titular lentamente.
Manejo da Irritabilidade e Agressividade Graves
Primeira Linha (Crianças > 5 anos e Adolescentes):
Risperidona solução oral 1 mg/mL ou comprimidos.
- Prescrição (Exemplo para paciente de 20 kg):
1. Risperidona 1 mg/mL, solução oral. Iniciar com 0,25 mg (0,25 mL) à noite.
2. Aumentar a dose a cada 4-7 dias, conforme a resposta e tolerabilidade, até a dose alvo. Dose inicial alvo comum: 0,5 mg/dia, dividida em 1 ou 2 tomadas.
3. Dose máxima usual: 1 a 2,5 mg/dia. Doses acima de 3 mg/dia raramente trazem benefício adicional e aumentam o risco de efeitos adversos.
Aripiprazol solução oral 1 mg/mL ou comprimidos.
- Prescrição (Exemplo para paciente de 30 kg):
1. Aripiprazol 10 mg, comprimidos. Iniciar com 2 mg (um quinto do comprimido) uma vez ao dia, pela manhã.
2. Aumentar a dose a cada 7 dias, conforme a resposta. Dose alvo usual: 5 a 10 mg/dia.
3. Dose máxima: 15 mg/dia.
Manejo da Hiperatividade e Desatenção (Comorbidade com TDAH)
Primeira Linha:
Metilfenidato de liberação imediata (comprimidos 10 mg).
- Prescrição:
1. Metilfenidato 10 mg, comprimido. Iniciar com 2,5 mg (um quarto do comprimido) pela manhã.
2. Pode-se adicionar uma segunda dose no almoço, conforme a duração do efeito.
3. Aumentar a dose lentamente a cada semana, com alvo de 0,3 a 0,7 mg/kg/dia. Monitorar atentamente o surgimento de irritabilidade, insônia ou supressão do apetite.
Manejo dos Distúrbios do Sono (Insônia Inicial)
Medidas de Higiene do Sono (Primeira Linha):
Rotina consistente, ambiente escuro e silencioso, evitar eletrônicos antes de dormir.
Tratamento Farmacológico (se medidas não farmacológicas falharem):
Melatonina manipulação em cápsulas ou solução oral.
- Prescrição:
1. Melatonina 1 mg, cápsulas. Administrar 1 a 3 mg, por via oral, 30-60 minutos antes do horário de dormir.
2. A dose pode ser aumentada até 10 mg, se necessário.
4. Monitoramento da Terapia
Monitoramento Clínico:
- Avaliar a eficácia através de escalas de comportamento (ex: Aberrant Behavior Checklist - ABC) e relatos dos pais/cuidadores e escola.
- Monitorar peso, altura e IMC em todas as consultas (risco de ganho de peso com antipsicóticos).
- Investigar ativamente por sinais de efeitos extrapiramidais (rigidez, tremores, acatisia).
- Avaliar sonolência diurna e impacto no funcionamento escolar.
Monitoramento Laboratorial (para usuários de antipsicóticos atípicos):
- Glicemia de jejum e perfil lipídico na linha de base.
- Repetir em 3 meses e depois anualmente, ou se houver ganho de peso significativo.
- Dosagem de prolactina se houver suspeita de hiperprolactinemia (ex: galactorreia, ginecomastia).
5. Manejo de Efeitos Adversos/Complicações
Ganho de Peso Significativo: Intensificar orientação sobre dieta e atividade física. Considerar troca para um antipsicótico de menor risco metabólico (ex: Aripiprazol) ou, em casos selecionados, associar Metformina.
Sedação Excessiva: Administrar a dose à noite. Se persistir, reduzir a dose ou trocar o fármaco.
Sintomas Extrapiramidais (SEP): Reduzir a dose. Se os sintomas forem agudos (distonia), pode ser necessário o uso de Biperideno. A acatisia pode responder a betabloqueadores (ex: Propranolol).
Ativação Comportamental (com ISRS ou estimulantes): Suspender o medicamento e reavaliar a estratégia.
6. Orientações de Alta e para a Família
Fornecer por escrito:
1. Sobre o Tratamento: O medicamento não "cura" o autismo, mas ajuda a controlar comportamentos específicos (como agressividade ou agitação) para que a criança possa participar e aprender melhor nas terapias. O tratamento principal continua sendo as terapias.
2. Administração da Medicação:
- Seguir rigorosamente a dose e o horário prescritos.
- Nunca alterar a dose por conta própria.
- Informar sobre como administrar (ex: com alimentos, diluição).
3. Sinais de Alerta para Retorno Imediato ou Contato com a Equipe Médica:
- Surgimento de movimentos involuntários: tremores, rigidez no corpo, torcicolos ou movimentos anormais da boca e língua.
- Sedação excessiva: criança muito sonolenta, com dificuldade para acordar ou participar das atividades diárias.
- Aumento súbito e intenso da irritabilidade ou agitação após iniciar ou aumentar a dose de um medicamento.
- Recusa alimentar completa ou vômitos persistentes.
- Febre alta associada a rigidez muscular intensa e confusão mental (suspeita de Síndrome Neuroléptica Maligna, uma emergência rara).
4. Cuidados em Casa:
- Manter uma rotina estruturada e previsível.
- Continuar com todas as terapias recomendadas.
- Monitorar o peso e o apetite da criança.
5. Retorno Programado:
- Reavaliação em 4-6 semanas após o início ou ajuste de medicação para avaliar resposta e tolerabilidade.
7. Critérios para Hospitalização
Risco iminente e grave de auto ou heteroagressão que não pode ser manejado em ambiente ambulatorial.
Comportamento disruptivo que leva à quebra completa do suporte familiar.
Necessidade de investigação e manejo de comorbidade clínica grave (ex: crises epilépticas de difícil controle).
Reação adversa grave a psicofármacos que necessite de monitoramento intensivo.
Acesso Interativo
Acesse o conteúdo completo e interativo em Transtorno do Espectro Autista (TEA)