Cuidados Gerais com o Recém Nascido

Resumo

Cuidados com o Recém-Nascido (RN): Resumo Rápido para Profissionais Este resumo integra condutas e tratamento essenciais para o manejo do RN, otimizado para leitura rápida e tomada de decisão clínica. --- 1. Contexto e Adaptação Neonatal Definição: Cuidados do nascimento ao 28º dia de vida, visando transição segura e redução da morbimortalidade. Fisiologia: Início da função respiratória, fechamento dos shunts fetais (forame oval, ducto arterioso), desafio da termorregulação. Fatores de Risco: Pré-natais: Prematuridade, RCIU, infecções maternas, diabetes. Intraparto: Asfixia, trabalho de parto prolongado, corioamnionite. Pós-natais: Hipotermia, hipoglicemia, icterícia, infecção. 2. Avaliação Clínica e Diagnóstico Avaliação Imediata (Sala de Parto): Apgar: Avaliar no 1º e 5º minuto. Apgar < 7 no 5º minuto requer atenção contínua. Frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus, irritabilidade reflexa, coloração. Exame Físico Completo (nas primeiras 24h): Geral: Idade gestacional (Capurro/New Ballard), peso, comprimento, perímetro cefálico. Pele: Icterícia, cianose, palidez. Crânio: Fontanelas (tensão), suturas. Tórax: Ausculta cardíaca (ritmo, sopros) e pulmonar. Abdome: Coto umbilical (2 artérias, 1 veia). Membros: Manobras de Ortolani e Barlow para Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ). Neurológico: Tônus, reflexos primitivos (Moro, sucção, preensão). Diagnóstico Diferencial: Distinguir achados fisiológicos de patologias (cardiopatias congênitas, infecções, distúrbios metabólicos). 3. Triagem Neonatal Essencial Teste do Pezinho: Coleta entre 3º e 5º dia. Rastreia fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, fibrose cística, hemoglobinopatias, hiperplasia adrenal congênita, deficiência de biotinidase. Teste do Coraçãozinho: Oximetria de pulso (MSD e MI) entre 24-48h. Rastreia cardiopatias congênitas críticas. Teste da Orelhinha: Emissões otoacústicas evocadas. Rastreia deficiências auditivas. Teste do Olhinho: Avaliação do reflexo vermelho. Detecta catarata congênita, retinoblastoma. Teste da Linguinha: Avaliação do frênulo lingual. Identifica anquiloglossia. 4. Condutas e Tratamento Imediatos/Rotina Cuidados Imediatos ao Nascimento: Manutenção da temperatura: Secar, contato pele a pele, cobrir. Permeabilidade das vias aéreas: Aspiração suave de boca/narinas, se necessário. Clampeamento do cordão: Tardio (1-3 minutos) em RNs de termo/pré-termo com boa vitalidade. Profilaxias e Imunizações: Vitamina K (Fitomenadiona): 1 mg IM (dose única, para RNs > 1.500g). Profilaxia da Oftalmia Neonatal: Eritromicina pomada oftálmica 0,5% (saco conjuntival, dose única). Vacinas: Hepatite B (0,5 mL IM) e BCG (0,1 mL ID) ao nascer. Cuidados com o Coto Umbilical: Manter limpo e seco. Limpeza com álcool a 70% ou água e sabão neutro. Aleitamento Materno: Exclusivo, em livre demanda, iniciar na primeira hora de vida. 5. Manejo de Situações Comuns e Monitoramento Manejo da Hipotermia (Temperatura axilar < 36.5ºC): 1. Contato pele a pele imediato. 2. Vestir adequadamente (gorro). 3. Reavaliar temperatura em 30 minutos. 4. Se persistir, considerar berço aquecido/incubadora. Monitoramento da Terapia: Clínico: Avaliar vitalidade, sucção, padrão respiratório, cor da pele (icterícia), temperatura a cada 6-8 horas. Pesar diariamente. Laboratorial: Glicemia capilar se fatores de risco (RN GIG/PIG, filho de mãe diabética) ou sinais clínicos. Hidratação: Perda de peso diária < 10% do peso de nascimento; > 6 fraldas molhadas/dia (após 3º dia). 6. Sinais de Alerta para Retorno Imediato ao Pronto-Socorro (CRÍTICO) Febre (temperatura axilar ≥ 37,5°C) ou Hipotermia (< 36,0°C). Dificuldade para respirar: Respiração rápida, gemidos, pausas respiratórias (> 20 segundos), cianose (lábios azulados). Recusa alimentar: Recusa de duas ou mais mamadas seguidas ou sucção muito fraca. Vômitos persistentes ou em jato. Letargia ou sonolência excessiva: Dificuldade para despertar o bebê. Irritabilidade extrema e choro inconsolável. Icterícia (pele amarelada) que se intensifica ou atinge as pernas e os pés. Sinais de infecção no coto umbilical: Vermelhidão ao redor, secreção purulenta ou com mau cheiro. 7. Critérios para Hospitalização Qualquer sinal de alerta listado acima. Necessidade de oxigenoterapia, sepse neonatal, hipoglicemia sintomática, icterícia em níveis de fototerapia, desidratação ou perda de peso > 10-15%. 8. Orientações de Alta e Seguimento Cuidados Gerais: Aleitamento materno exclusivo, limpeza do coto umbilical até a queda (7-21 dias), banho diário, higiene, evitar aglomerações. Posição para dormir: SEMPRE de barriga para cima. Retorno Programado: Consulta com pediatra em até 48-72 horas após a alta.

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Conduta Completa

1. Definição e Contexto Clínico Os cuidados gerais com o recém-nascido (RN) englobam um conjunto de procedimentos e avaliações essenciais realizados desde o nascimento até o 28º dia de vida, visando garantir uma transição segura da vida intrauterina para a extrauterina. Esta assistência é fundamental para a detecção precoce de anomalias, prevenção de agravos e promoção da saúde, impactando diretamente na redução da morbimortalidade neonatal. 2. Fisiopatologia da Adaptação Neonatal Ao nascer, o RN passa por uma complexa transição fisiológica. O sistema respiratório inicia sua função com a primeira inspiração, que promove a expansão pulmonar e a absorção do líquido alveolar. Ocorre o fechamento dos shunts fetais (forame oval, ducto arterioso e ducto venoso), estabelecendo a circulação pulmonar em série. A termorregulação torna-se um desafio, dada a maior superfície corporal em relação ao peso e a menor quantidade de tecido adiposo. 3. Etiologia e Fatores de Risco A necessidade de cuidados específicos pode ser influenciada por fatores pré-natais, intraparto e pós-natais. Fatores pré-natais: prematuridade, restrição de crescimento intrauterino, infecções maternas, diabetes gestacional, hipertensão. Fatores intraparto: asfixia perinatal, trabalho de parto prolongado, corioamnionite, uso de fórceps. Fatores pós-natais: hipotermia, hipoglicemia, icterícia, infecção. 4. Avaliação Clínica e Diagnóstico Manifestações Clínicas A avaliação inicial na sala de parto foca na vitalidade do RN, utilizando o escore de Apgar no primeiro e no quinto minuto de vida. Um Apgar < 7 no quinto minuto indica necessidade de atenção contínua. Avalia-se a frequência cardíaca, o esforço respiratório, o tônus muscular, a irritabilidade reflexa e a coloração da pele. Exame Físico Um exame físico completo deve ser realizado nas primeiras 24 horas. Geral: avaliação da idade gestacional (Capurro ou New Ballard), peso, comprimento e perímetro cefálico. Pele: verificar a presença de icterícia, cianose, palidez, petéquias, eritema tóxico ou manchas mongólicas. Crânio: avaliar fontanelas (tamanho e tensão), suturas e a presença de bossa serossanguínea ou cefaloematoma. Face: observar dismorfismos, simetria e reflexo de sucção. Tórax: ausculta cardíaca (frequência, ritmo, sopros) e pulmonar (murmúrio vesicular, presença de ruídos adventícios). Abdome: palpação de massas, avaliação do coto umbilical (presença de duas artérias e uma veia). Genitália: verificar a implantação da uretra, presença de testículos na bolsa escrotal ou características da genitália feminina. Membros e coluna: avaliar simetria, fraturas (especialmente de clavícula), displasia do desenvolvimento do quadril (manobras de Ortolani e Barlow) e integridade da coluna vertebral. Neurológico: avaliação do tônus, reflexos primitivos (Moro, sucção, preensão palmar e plantar). Diagnóstico Diferencial A avaliação sistemática permite diferenciar achados fisiológicos de condições patológicas que requerem investigação, como cardiopatias congênitas, infecções neonatais, distúrbios metabólicos e malformações. 5. Exames Complementares Triagem Neonatal Teste do Pezinho: coleta idealmente entre o 3º e o 5º dia de vida para rastreio de fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, fibrose cística, hemoglobinopatias, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. Teste do Coraçãozinho: oximetria de pulso no membro superior direito e em um dos membros inferiores entre 24 e 48 horas de vida para rastreio de cardiopatias congênitas críticas. Teste da Orelhinha: emissões otoacústicas evocadas para triagem de deficiências auditivas. Teste do Olhinho: avaliação do reflexo vermelho para detecção de catarata congênita, retinoblastoma e outras anomalias. Teste da Linguinha: avaliação do frênulo lingual para identificar anquiloglossia. 6. Manejo e Tratamento Cuidados Imediatos ao Nascimento Manutenção da temperatura: secar o RN, colocá-lo em contato pele a pele com a mãe e cobri-lo com campos aquecidos. Permeabilidade das vias aéreas: se necessário, realizar aspiração suave de boca e narinas. Laqueadura do cordão umbilical: clampeamento tardio (1 a 3 minutos) em RNs de termo e pré-termo com boa vitalidade. Cuidados de Rotina Profilaxia da oftalmia neonatal: administração de pomada oftálmica de eritromicina 0,5% ou tetraciclina 1%. O nitrato de prata a 1% é uma alternativa na ausência dos outros. Profilaxia da doença hemorrágica: administração de Vitamina K (fitomenadiona), 1 mg por via intramuscular em dose única para RNs com peso > 1.500g. Cuidados com o coto umbilical: manter a área limpa e seca, utilizando álcool a 70% a cada troca de fraldas ou apenas água e sabão, conforme as diretrizes locais. Aleitamento materno: iniciar na primeira hora de vida, em livre demanda. Imunização: administrar as vacinas Hepatite B e BCG ao nascer, conforme calendário vacinal. 7. Complicações As principais complicações no período neonatal incluem asfixia perinatal, sepse neonatal, icterícia, distúrbios respiratórios (doença da membrana hialina, taquipneia transitória), hipoglicemia e hipotermia. A vigilância constante é crucial para a detecção e manejo precoces. 8. Prognóstico e Seguimento O prognóstico da maioria dos recém-nascidos a termo e saudáveis é excelente. O seguimento ambulatorial na primeira semana de vida (idealmente entre o 5º e o 7º dia) é fundamental para avaliar a amamentação, a perda de peso fisiológica (esperado até 10% do peso de nascimento), a icterícia e para reforçar as orientações aos pais. 9. Prevenção A prevenção de agravos se baseia em um pré-natal de qualidade, assistência ao parto adequada, realização de todos os procedimentos profiláticos e de triagem, incentivo ao aleitamento materno exclusivo e educação dos pais sobre os cuidados básicos e sinais de alerta. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. 2. ed. atual. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. v. 1: Cuidados gerais. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Reanimação do recém-nascido ≥34 semanas em sala de parto: Diretrizes 2022 da Sociedade Brasileira de Pediatria. Rio de Janeiro: SBP, 2022. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Departamento Científico de Aleitamento Materno. Aleitamento materno: guia prático. Rio de Janeiro: SBP, 2017. SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA PEDIÁTRICA (SBOP). Oftalmia Neonatal: Nota Técnica. São Paulo: SBOP, 2023. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). WHO recommendations on maternal and newborn care for a positive postnatal experience. Geneva: WHO, 2022.

Tratamento

1. Orientações Gerais ao Prescritor Os cuidados ao recém-nascido são primariamente preventivos e de suporte à adaptação fisiológica. A meta terapêutica é garantir a estabilidade cardiorrespiratória, térmica e metabólica, além de prevenir infecções e hemorragias. Terapias farmacológicas são limitadas a profilaxias de rotina. A educação familiar é o pilar para uma alta segura e a identificação precoce de complicações. 2. Prescrição para Admissão no Alojamento Conjunto (RN a termo, saudável) 1. Dieta: Aleitamento materno exclusivo, em livre demanda. 2. Controle de sinais vitais (frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura axilar) a cada 6 horas. 3. Monitorar diurese e evacuações a cada troca de fraldas. 4. Observar padrão respiratório, nível de atividade e coloração da pele. 5. Pesar diariamente em jejum. 6. Manter em berço comum, em ambiente aquecido. 7. Vitamina K (Fitomenadiona) 1 mg, aplicar 0,1 mL por via intramuscular, em dose única, no músculo vasto lateral. 8. Profilaxia ocular: Aplicar Eritromicina pomada oftálmica 0,5% no saco conjuntival inferior de cada olho, em dose única. 9. Vacina contra Hepatite B: aplicar 0,5 mL por via intramuscular, em dose única. 10. Vacina BCG: aplicar 0,1 mL por via intradérmica, em dose única. 11. Realizar triagens neonatais (coraçãozinho, orelhinha, olhinho) conforme rotina da unidade. 12. Coletar Teste do Pezinho entre 48 horas de vida e antes da alta hospitalar. 3. Esquemas Terapêuticos Específicos Cuidado com o Coto Umbilical 1. Limpar o coto umbilical com álcool a 70% em todas as trocas de fralda, aplicando na base e em toda a sua extensão com auxílio de haste flexível. Manter a área sempre seca e exposta. 2. Alternativa: Limpeza com água e sabão neutro durante o banho, seguida de secagem completa. Manejo da Hipotermia (Temperatura axilar < 36.5ºC) 1. Iniciar contato pele a pele com a mãe imediatamente. 2. Vestir o recém-nascido com roupas adequadas e gorro. 3. Reavaliar a temperatura em 30 minutos. 4. Se persistir, considerar uso de berço aquecido ou incubadora. 4. Monitoramento da Terapia Clínico: Avaliar a cada 6-8 horas a vitalidade, sucção, padrão respiratório, cor da pele (pesquisa de icterícia) e temperatura. Laboratorial: Glicemia capilar se houver fatores de risco (RN grande ou pequeno para idade gestacional, filho de mãe diabética) ou sinais clínicos como tremores e hipoatividade. Hidratação: Monitorar a perda de peso diária (não deve exceder 10% do peso de nascimento) e o número de fraldas molhadas (esperado > 6 após o 3º dia de vida). 5. Manejo de Efeitos Adversos/Complicações Conjuntivite química: Se ocorrer hiperemia ocular leve após profilaxia, trata-se de condição autolimitada. Manter observação. Se houver secreção purulenta, investigar causas infecciosas. Sangramento no coto umbilical: Se discreto, reforçar cuidados de limpeza. Se ativo ou com sinais de infecção (hiperemia, odor fétido), avaliar clinicamente e considerar antibioticoterapia. 6. Orientações de Alta e para a Família Fornecer por escrito: 1. Sobre os Cuidados Gerais: - Manter o aleitamento materno exclusivo e em livre demanda. - Realizar a limpeza do coto umbilical a cada troca de fralda até sua queda (que ocorre em 7 a 21 dias) e continuar a limpeza da cicatriz até estar completamente seca. - Dar banho diário com sabonete neutro, evitando longos períodos de exposição. - Manter o ambiente e as roupas do bebê limpos. Evitar aglomerações e contato com pessoas doentes. - Posição para dormir: sempre de barriga para cima. 2. Sinais de Alerta para Retorno Imediato ao Pronto-Socorro: - Febre (temperatura axilar ≥ 37,5°C) ou hipotermia (temperatura < 36,0°C). - Dificuldade para respirar: respiração rápida, gemidos, pausas respiratórias (> 20 segundos) ou coloração azulada nos lábios (cianose). - Recusa alimentar: recusa de duas ou mais mamadas seguidas ou sucção muito fraca. - Vômitos persistentes ou em jato. - Letargia ou sonolência excessiva: dificuldade para despertar o bebê para as mamadas. - Irritabilidade extrema e choro inconsolável. - Icterícia (pele amarelada) que se intensifica ou atinge as pernas e os pés. - Sinais de infecção no coto umbilical: vermelhidão na pele ao redor, secreção purulenta ou com mau cheiro. 3. Retorno Programado: - Agendar consulta com pediatra em até 48-72 horas após a alta para reavaliação de peso, icterícia e amamentação. 7. Critérios para Hospitalização Todo recém-nascido com sinais de alerta listados acima deve ser avaliado para possível internação. Critérios específicos incluem: necessidade de oxigenoterapia, sepse neonatal, hipoglicemia sintomática, icterícia em níveis de fototerapia, desidratação ou perda de peso superior a 10-15%.

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